Quantas vezes fiquei sem dormir,
percebendo forças negativas me influenciando. Ao acordar, meu corpo doía como
se tivesse sido agredido implacavelmente. No recinto de meu quarto, eu me
colocava em oração. Não me sentindo no direito de convocar meus confrades para
me assistirem em caráter particular, sabendo eu das tarefas cotidianas que lhes
faziam parte da vida, aguardava os dias de funcionamento do centro espírita,
para ir buscar ajuda. O máximo que fazia, esperando não incomodar tanto, era
ligar para um companheiro aposentado que orava diariamente pelo próximo. Ele,
ao me ouvir, orava por mim com boa vontade.
Com animo, punha-me a fazer tudo
o que aqueles bondosos irmãos me aconselhavam. Não faltava aos passes, nas
horas disponíveis lia obras de autoconhecimento, buscava tratamento
homeopático, procurava combater a ansiedade através da confiança em Deus, dos
exercícios de respiração suave e controlada a mim ensinados.
Comecei a fazer um curso por ano
para receber conhecimentos espíritas que me enriquecessem. Quantas vezes, no
passado, eu afirmei que não gostava de estudar e de ler! Quanto tempo perdi!
Aos domingos passei a integrar um
grupo de oito voluntários que distribuíam lanches aos pobres numa praça de um
bairro de periferia.
Percebi as transformações que se
operaram em mim. Não mais os gritos com meus familiares. A calma agora me
acompanhava ofertando-me de brinde a paciência e o autocontrole. Minha esposa
passou a me acarinhar mais, meus filhos se aproximaram de mim, antes viviam
afastados.
Refletindo hoje, reconheço meu
valor: consegui benfeitorias em minha vida, pois a partir de minha
conscientização, fui aluno esforçado, presente, praticante das lições que os
confrades me aconselhavam. Nada de teimosia, nada de preguiça.
Ao analisar alguns confrades,
vejo como são comodistas. Querem melhorar a todo custo. Reclamam de tudo.
Esperneiam quando não melhoram. Vivem pedindo ajuda, exigindo atendimento
particular no centro espírita.
Por que não melhoram? Auscultando
seu proceder, vejo que não praticam o recomendado. São ausentes de muitos
deveres que poderiam estar desempenhando, o que lhes acarretaria grande alívio.
Desejar tudo para ontem, sem
colocar a mão na enxada, sem estudar e praticar... ah, meu irmão, nem um milhão
de passes vai fazer você ficar bem!
Não o acuso, mas convido-o a
repensar em sua vida e começar a trabalhar.
Manoel
Garcia
Centro
Espírita Caminho da Luz - São Paulo
Manual
Espírita - 162